Os problemas infantis sob uma perspectiva biblica

Por Alex Mello*
O pecado é a raiz de todos os problemas humanos, e por consequência de todos os problemas infantis. Entretanto o problema pecado se apresenta de diversas formas e maneiras.
Em seu livro A Vida Cristã no Lar, Jay Adams afirma que os problemas que os filhos enfrentam não são diferentes em essência dos problemas que os pais enfrentam. 1
A apresentação pode mudar, o ambiente pode mudar, mas a raiz permanece a mesma. Paulo, em 1Co 10.13, afirma que não nos veio tentação que não fosse humana. Nada do que ocorre com as crianças, mesmo sendo esta uma geração peculiar, é diferente em essência do que tem ocorrido com os homens desde a queda no Éden.
Ao contrário do que muitos pais pensam, Tedd Tripp afirma que os problemas não são originados pela falta de instrução ou falta de direção. 2 Se os pais derem instrução bíblica e precisa e mostrarem a direção correta que seus filhos devem seguir, ainda assim não terão garantia alguma de que eles o farão. Os problemas infantis não são originados pela falta de discernimento da criança, são originados por seus corações enganadores.
O Jay Adams afirma que apesar de reconhecer que qualquer debate sobre a responsabilidade infantil provoca uma indevida onda de emoção, não devemos deixar de evidenciar o fato bíblico que Deus considera as crianças responsáveis por seus pecados, desde seus primeiros dias de vida. 3
A Bíblia revela que as crianças são pecadoras desde que nascem. “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.” A afirmação de Davi no Sl 53.5 e ainda no Sl 58.3: “Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras” esclarecem o assunto. O ensino bíblico é que desde a mais tenra idade o mal moral já está presente nos homens, conforme exposto em Gn 8.21.
Em outra obra, Jay Adams afirma que crianças e adultos são diferentes de muitas maneiras, mas a raiz do problema infantil é a mesma dos problemas dos adultos, o pecado. A dinâmica do aconselhamento não é diferente nas crianças e nos adultos, porque as crianças nascem com uma natureza pecaminosa e desde muito novas tornam-se pecadoras. 4
Muitos psicólogos, até cristãos, afirmam que as crianças estão amplamente, se não totalmente, presas ao que lhes aconteceu nos primeiros anos de vida. Mas um ensino fundamental da fé cristã é que somos libertos de nosso passado por meio de Cristo e somos capacitados a servi-Lo fielmente, conforme Romanos 6. As crianças cometem seus próprios erros quando respondem pecaminosamente a situações normais da vida e ao tratamento pecaminoso de seus pais.
John MacArthur afirma que de acordo com a descrição bíblica as crianças não são inocentes. As crianças ao nascerem são inexperientes e ingênuas, mas o potencial para todo o tipo de pecado já está presente no coração delas, essas crianças precisam aprender a obediência. Mesmo Jesus que era sem pecado apendendeu a obediência. 5
A depravação universal do homem é ainda evidenciada em Rm 3.10-12, onde o apóstolo Paulo afirma que não há um justo sequer e que todos se extraviaram. O “todos” mencionado por Paulo apresenta um caráter absolutamente inclusivo, assim ninguém, nem as crianças estão isentas. Ao observar que a morte é uma consequencia direta do pecado (Rm 5.12), podemos concluír que crianças são pecadoras uma vez que crianças morrem.
Fazendo coro a afirmação de Jay Adams, o Pr. Jayro M. Cáceres, no prefácio da edição brasileira do livro O Coração da Ira, observa que quando um pai entende que seu filho ao manifestar uma reação pecaminosa, na verdade esta apenas demonstrando um traço que lhe é próprio, este pai está perdendo a oportunidade de trabalhar o coração da criança. 6
Cáceres segue advertindo que não se trata de um jeito de ser, característica da família, um traço da personalidade e sim pecado manifesto.
As crianças devem manifestar qualquer reação justa que seja possível para sua idade. Conforme forem crescendo em idade, sua responsabilidade irá aumentando, pois a capacidade de responder de forma justa também aumentará. Uma criança de três meses e outra de três anos tem capacidade de entender a vida de formas distintas. Assim, em qualquer ponto de sua vida uma criança é responsável por fazer qualquer coisa que tenha o dever moral de fazer naquela idade, conforme afirma o Dr. Jay Adams. 7
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1. ADAMS, Jay. A Vida Cristã no Lar. 2 ed. São José dos Campos: FIEL. 2011. p.30
2. TRIPP, Tedd. Pastoreando o coração da criança. São José dos Campos: Fiel, 1998. p.121
3. ADAMS, Jay. Manual do conselheiro cristão. São José dos Campos: Fiel, 1982. p.135
4. Id., 2007, p.136
5. MACARTHUR, John. Como educar seus filhos segundo a bíblia. São Paulo: Ed. Mundo Cristão, 2001. p.39
6. PRIOLO, Lou. O coração da ira. São Paulo: NUTRA, 2009. p.13
7. ADAMS, Jay E.. Manual do conselheiro cristão. São José dos Campos: Fiel, 1982. p.136

* Alex Mello é membro da ABCB (Associação Brasileira de Conselheiros Bíblicos) e Mestre em Ministérios Familiares pelo SBPV (Seminário Bíblico Palavra da Vida). Serve como pastor auxiliar na Igreja Batista da Fé em São José dos Campos.
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